Há oito anos escrevi a minha primeira
linha de comando na linguagem pascal. Naquela época ainda fazia o colegial e
somente desenvolvia para entender como funcionavam sistemas computacionais.
Um ano depois já estava em uma pequena
empresa como desenvolver Delphi, sem nunca ter ido a nenhum curso da Borland e
não ter comprado nenhum um livro. Tudo como auto-didata.
Era muito bom para um adolescente porque
já tinha um emprego como programador Junior e não tive que investir nada, mas
hoje vejo que deveria ter sido mais estruturado como vou explicar ao longo
deste texto.
Desde minha primeira linha de código,
estou indo para minha 5 certificação, não em Delphi, mas em Oracle e hoje sou
especialista com mais de 8 anos de experiência.
Desde quando comecei a fazer cursos de
Oracle e tirar as certificações passei por diversas empresas e nunca parei de
estudar. Também me formei Licenciado e Bacharel em Matemática.
Nestes 8 anos, passei por diversas
empresas como consultor. Nos últimos anos o que tenho visto é realmente
preocupante. Os profissionais de TI estão banalizando cada vez mais o setor.
Desenvolvimento de software esta cada
vez mais fácil porque as ferramentas dão uma flexibilidade incrível. Muitos IDE
já vêem com templates de aplicações prontas. A única tarefa do desenvolvedor em
alguns casos é criar alguns links.
Acredito que esta sendo o problema.
Quando você acompanha uma tecnologia como por exemplo Oracle, desde as versões
7, sabe da complexidade da ferramenta. E sabe também que a versão mais nova faz
as mesmas tarefas da versão mais antigas com melhorias.
O cenário que mais vejo acontecendo é
este. Pessoas que abrem estas ferramentas e como tudo funcionam bem, já se
intitulam profissionais responsáveis há atuar em TI.
Com certeza já fiz isso no começo, mas
me formei, fiz diversos cursos e certificações. Justamente porque tenho a
consciência que isso é uma profissão séria e quem esta me pagando merece o respeito
de um bom profissional.
Imagine você indo a um médico que se
intitula médico porque fez alguns curativos ou leu algumas bulas de remédio. Em
alguns casos já vi profissionais se gabando de um aplicativo somente porque
foram em alguma palestra do produto.
Este é o problema do profissional de TI.
Agora veremos o problema "Consultoria".
Com este arrastão de profissionais
chegando ao mercado, as consultorias e os vendedores carniceiros estão se
fartando.
Você entra no site da apinfo e lê a
requisição da vaga. Não tem coerência nenhuma. A empresa requisita um
profissional que saiba de tudo e na maioria dos casos o profissional já ouviu
falar em tudo, mas não sabe nada.
Você cadastra o seu currículo como
profissional Sênior para DBA e te mandam propostas para profissional Pleno. Em
alguns casos entram em contato e não sabem nem termos técnicos.
Temos agora o CLT Flex. Isso é maior
falta de vergonha na cara das consultorias que querem pagar pouco.
Talvez seja hora do governo agir e
aprovar uma lei que restrinja profissionais sem curso superior de atuarem em
tecnologia. Talvez isso iria melhorar a qualidade dos serviços e acredito que
ajudaria as empresas a contratar melhor.
O MEC também é culpado por toda esta
banalização. Tirar um diploma esta cada vez mais fácil. Faculdades que oferecem
formação tecnológica indo de 15 em 15 dias. Isso não forma ninguém.
Não sei qual a solução para isso. Sei
que eu continuo investindo na minha carreira mas sem mais retorno. Cada prova
que eu faço para novas certificações custam de US$ 125 a US$ 195. O que mais
escuto é: "Para que eu vou gastar todo este dinheiro se não vai ter
retorno".
Realmente não tem mais retorno porque as
empresas não querem pagar por isso devido aos profissionais
"prostituídos". Acho que é uma questão de ética e bom censo.
Talvez tenham mais culpados por tudo
isso, mas por enquanto é só o que consigo figurar. Talvez eu esteja levando a
sério demais algo que não merece tanto respeito que é a informática e estas
tecnologias.
Acho que o problema maior é eu gostar
demais desta área e não tenho coragem de ir para outra área. Vou ter que pagar
o preço
Carlos
Henrique Duarte
carlos.h.duarte@gmail.com